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Vamos sair (melhores) da crise

A crise no Brasil

“A primeira vez que ouvi falar do coronavírus, não liguei muito para a notícia”, escreveu Frank Geyer Abubakir em sua coluna, no Brazil Journal. 

Tempos depois, um gráfico mudou o pensamento do acionista controlador e presidente do conselho da UniparJ Carbocloro. “O gráfico mostrava uma queda de mais de 30% na China”, relatou Frank Geyer em relação às quantidades de soda e PVC, commodities que a Unipar produz.

Neste momento, o acionista entendeu a magnitude do vírus, que mais tarde viria a mostrar mais ainda o seu potencial de tragédia econômica e humana, com um grande número de mortes e “bagunça” na economia mundial.

Unipar: um papel importante na vida diária do país

“A tragédia humana que o coronavírus está causando não deixa ninguém que tenha um coração sair ileso”, destacou, na ocasião, o presidente do conselho da Unipar.

O instinto do empresário, em um cenário como esse, seria proteger a empresa e os acionistas. Mas, desta vez, Frank Geyer sabia que a responsabilidade era ainda maior. “Nos obriga a dosar o instinto de sobrevivência natural com uma resposta solidária e sistêmica”, ressaltou Geyer.

Para contextualizar

A Unipar Carbocloro é a maior produtora de cloro-soda da América Latina e tem um papel importante, ainda que discreto na vida do país:

  • É responsável por produzir o ácido clorídrico, um dos produtos fundamentais para a limpeza de superfícies e agente importante para a eliminação do vírus desses locais.
  • É responsável pela produção do cloro líquido, que abastece a Sabesp,Sabeps, e é utilizado para os processos de tratamento da água. Para se ter ideia, 28 milhões de pessoas dependem do abastecimento da Sabesp.
  • Derivados do cloro, como a Soda e PVC, são materiais importantes para a fabricação de papel, alumínio, tubos, cabos e centenas de itens que o hábito e conveniência modernos tornaram imprescindíveis. 

Outros processos de limpeza e tratamento também são dependentes de produtos da empresa. Por isso, com o isolamento social, fruto da pandemia, ficou claro que as pessoas precisariam de coisas simples, mas necessárias: água tratada e produtos de limpeza. 

A Unipar doou para prefeituras de cidades mais pobres materiais como o ácido clorídrico e aumentou a produção desses produtos para ajudar no enfrentamento ao vírus.

Lucrar com a crise? Jamais.

Com a crise, o ser humano tem a oportunidade de mostrar os seus dois lados: o melhor e o pior. Diversas “novas oportunidades de negócio” foram sugeridas a Frank Geyer como uma forma de ganhar mais com a crise. Uma nova marca de água sanitária era uma delas. 

“Fiquei pensando em como declinar educadamente daquela visão superficial e pretensiosa”, lembrou o acionista. No entanto, a resposta foi mais curta e direta, com educação no trato: “Não posso fazer isso com meus clientes”, respondeu Frank Geyer.

Outros empresários, por sua vez, se arrependeram da ideia e ligaram para pedir desculpas. “Hoje admiro mais essa pessoa. Ética se aprende ao longo da vida e, às vezes, errando”, relatou o acionista.

Sairemos melhores (e juntos) dessa

O vírus, assim como os produtos da Unipar, afeta a vida de todos. Só será possível perceber, de fato, todas as mudanças criadas pelo vírus após a pandemia.

A humanidade, acostumada com a competição, deve saber o valor da cooperação, seja qual for a relação de proximidade.“A primeira reação do ser humano é sempre procurar o que é melhor para si”, escreveu Frank Geyer

Por outro lado, se cada um admitir suas fraquezas, será possível chegar mais perto da empatia e do altruísmo. “Só eles serão capazes de nos manter unidos, em laço, no momento crítico em que estamos”, ressaltou Frank Geyer.

Ser altruísta é ser, também, cooperativo. Saíremos melhor (e juntos) dessa.

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