Mesmo sendo reconhecido mundialmente por ser uma forte potência em fontes de energia renováveis e não renováveis, o Brasil ainda carrega custos significativos na importação de insumos para a produção do GNL (Gás Natural Liquefeito) que só neste ano, aumentaram em mais de 85%, segundo o portal Porto e Navios.
De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), no primeiro bimestre de 2022, o volume de importação de GNL no Brasil cresceu em 42% em comparação com o ano anterior.
A falta de infraestrutura ainda impede o país de avançar na produção e aproveitar dos seus recursos, e a situação atual de todo mundo, diante da guerra e outras crises na Europa, só colabora para a alta dos preços.
Mas a pergunta é: por que o Brasil importa tanto GNL? A resposta está em problemas de infraestrutura, geração de demandas e a relação entre as termelétricas. Leia mais sobre o assunto.
Relação entre as termelétricas e o GNL
As usinas termelétricas, possuem um papel estratégico em toda a matriz energética nacional, pois são elas que ficam preparadas para possíveis problemas de escassez de energia elétrica, trazendo uma segurança energética maior para o país.
Elas se relacionam fortemente com o GNL, pois a maioria das termelétricas funcionam à base de combustíveis fósseis. A energia gerada pelas termelétricas é mais cara, no entanto, no caso das que usam o GNL, acabam por ser menos poluentes.
Terminais de regaseificação
Os terminais de regaseificação já estão bem instalados no Brasil, e a capacidade de alimentação deles é muito maior do que todo o consumo de gás natural no país. Há pelo menos 8 em funcionamento ou em fase de implementação de operação:
- Barcarena (PA), da NFE (New Fortress Energy);
- Pecém (CE), da Petrobras;
- Celse (SE), da NFE, vendido à Eneva;
- TRBA (BA), da Petrobras arrendado à Excelerate Energy;
- Porto do Açu (RJ), da GNA (Gás Natural Açu);
- Baía de Guanabara (RJ), da Petrobras;
- Porto de Santos (SP), da Compass Gás e Energia;
- Baía de Babitonga (SC), da NFE.
Segundo Eduardo Navarro Antonello, consultor do setor de Energia e fundador da Golar Power e da Macaw Energies, “O mercado brasileiro já está bem saturado de terminais de GNL com esses 8 terminais. É uma infraestrutura instalada muito estratégica para o país, que dá uma segurança grande de suprimento. Apesar de ser um insumo importado, não deixa de ser um ponto de entrada importante até a alavancagem do processo de negociação com a Bolívia na hora de comprar o gás natural, mas são ativos que já superam bastante a demanda por GNL importado no país.”
Produção de GNL no Brasil
A produção de GNL no Brasil ainda sofre por problemas de falta de infraestrutura para o escoamento de gás do pré-sal. O projeto Rota 3 que está sendo desenvolvido na bacia de Santos, segue em atraso, prejudicando as expectativas para futuros investimentos.
Outra questão fundamental, além da criação de dutos para escoamento de gás, é a necessidade da criação de demanda significativa para o GNL no Brasil. Sem essa demanda consistente, fica muito difícil ter um mercado competitivo e significativo no país para a comercialização do gás natural.
De acordo com o especialista Eduardo Navarro Antonello, apesar do uso do GNL para backup das plantas energias renováveis, o GNL pode ser aproveitado para outros setores como substituição do diesel e GLP.
“A tese que acredito bastante é o uso do gás doméstico para substituir os insumos importados que são o diesel e o GLP. Dessa forma teríamos uma demanda firme, constante e deixaria de importar um insumo para substituir por um insumo nacional”, comenta Antonello.