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Avanços e desafios do transporte público para PCDs

18,6 milhões de pessoas. É esse o número que corresponde à parcela de brasileiros que tem deficiência com idade igual ou superior a dois anos, segundo as estimativas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, que indicam que 8,9% de toda a população brasileira têm algum tipo de deficiência.

O número expressivo chama a atenção para várias questões que precisam mudar para tornar o dia a dia dessas pessoas melhor e mais fácil. Uma delas é a mobilidade urbana, uma vez que as pessoas precisam se locomover e ainda encontram muitos problemas e dificuldades, principalmente em relação à acessibilidade no transporte coletivo.

Infraestrutura no transporte público para atender PCDs

A mobilidade urbana é um aspecto fundamental na vida de qualquer cidadão, mas para as pessoas portadoras de deficiência a acessibilidade e inclusão no espaço urbano se tornam provas diárias a serem enfrentadas.

Uma das principais dificuldades dos PCDs é em relação ao transporte público, uma vez que a acessibilidade no transporte é um desafio significativo.

Embora a legislação brasileira determine que toda a frota de ônibus seja adaptada para os PCDs, segundo o IBGE, 88% dos municípios do Brasil que têm transporte por ônibus não atendem essa exigência.

Metrôs, ônibus e trens nem sempre estão equipados com elevadores ou espaços adequados para acomodar cadeiras de rodas e a falta de dispositivos de segurança pode tornar as viagens desconfortáveis e inseguras.

A insuficiente capacitação dos funcionários para atender a esses passageiros também é uma barreira a ser superada para facilitar a mobilidade para PCDs.

Diante disso, o design inclusivo tem se mostrado uma poderosa ferramenta na busca por tornar o transporte público mais acessível e acolhedor para todos os usuários.

E são muitos os avanços já obtidos, como:

– Plataformas de embarque inclusivas: o design inclusivo se concentra em eliminar barreiras arquitetônicas, criando plataformas niveladas com a altura dos ônibus, o que permite um embarque mais seguro e facilitado para passageiros PCDs ou com mobilidade reduzida, além de idosos e mães com carrinhos de bebê. Além disso, a instalação de rampas e elevadores facilita o acesso dos PCDs, independente se utilizam cadeiras de rodas, andadores ou outros dispositivos de mobilidade;

– Pisos táteis e sinalização adequada: A implantação desses recursos em ônibus e plataformas auxilia a orientação de passageiros portadores de deficiência visual, permitindo que eles se desloquem de forma segura e confiante dentro do ambiente de transporte público;

– Espaço para cadeiras de rodas: Através do design inclusivo, alguns ônibus têm sido projetados para oferecer um espaço adequado para acomodar cadeiras de rodas, garantindo que os passageiros portadores de deficiência física possam se deslocar de forma independente e confortável. Assentos preferenciais próximos às portas de embarque também têm sido reservados para esse público, proporcionando mais autonomia durante a viagem;

– Comunicação acessível: Através do design inclusivo também é possível trabalhar a comunicação em ônibus e plataformas, tornando-as mais acessíveis. Através de sistemas de áudio e visual, informações relevantes são transmitidas aos passageiros, incluindo anúncios sobre paradas, horários, rotas e avisos importantes.

Para o diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho, trata-se de um caminho sem volta. “O transporte público está se redefinindo a partir de uma cultura orientada para as pessoas”, observa.

E o design inclusivo tem sido importante nesse sentido, uma vez que não apenas melhora a experiência de viagem para passageiros com deficiência, como também contribui para construir uma sociedade mais justa, igualitária e sensível às necessidades de todos os cidadãos.

Nesse sentido, o investimento contínuo em design inclusivo e, consequentemente, em infraestruturas que facilitem a acessibilidade ao transporte público, é essencial para que o transporte coletivo seja verdadeiramente acessível a todos, promovendo a mobilidade para PCDs com dignidade e independência.

Caminhos para melhorar a acessibilidade no transporte público

Os desafios do transporte público para PCDs existem, mas muitos avanços estão sendo obtidos também, afinal, garantir a acessibilidade no transporte público, em especial, nos ônibus, é uma jornada essencial rumo a uma mobilidade urbana verdadeiramente inclusiva e acolhedora.

Por isso, para alcançar esse objetivo, é importante percorrer um caminho que tenha como prioridade a adaptação dos ônibus, investimentos em infraestrutura adequada e a capacitação dos profissionais. “O transporte público precisa se humanizar, o setor precisa se adaptar a um ambiente em transformação acelerada e contínua, determinado pela evolução das expectativas do cliente e pelas mudanças tecnológicas”, reforça o diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho.

A busca pela acessibilidade no transporte público é um compromisso coletivo que requer a participação ativa de governos, empresas de transporte, entidades representativas e toda a sociedade.

Através dessa união de forças, é possível construir uma cidade onde a mobilidade urbana é realmente inclusiva, permitindo que os PCDs se desloquem com autonomia, participem ativamente da vida urbana e desfrutem de sua independência com dignidade. 

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